Monday, June 22, 2009

o paradigma (ou aparente paradoxo) da Padronização e do Desvio Padrão em seres humanos.

"Somos todos iguais"
"Somos todos diferentes uns dos outros"

Um par de frases aparentemente clichês e antagônicas - mas muito verdadeiras.

Os seres humanos são um complexo invariável (e variável) de informações que parecem se contradizer no âmbito da nossa própria linguagem - imperfeita - mas que se sobrepõem e que são contemporâneas umas às outras, sendo, ainda, verdadeiras entre si. Funcionando simultaneamente num caos ordenado que, no fim das contas, parece dar certo - de certa forma.

O que há de objetivo em nós, por mais complexo que seja, é o fato de todos termos braços, pernas, olhos, cérebro, ou seja, aquilo que se expressa no mundo exterior em forma de matéria - fisicamente falando. Além disso, todos podemos chorar, sorrir, pensar...

Subjetivo?
Pois é, essa objetividade soa mesmo subjetiva.

E podemos ir ainda mais além. O pensar inclui a consciência, o componente mais subjetivo de toda nossa existência. Fator determinante de nossa individualidade, logo, do que nos diferencia entre nós. A essência do sujeito, ou melhor, de cada sujeito em si.
Talvez seja exatamente por nunca nos satisfazermos plenamente com o meio de comunicação que temos, e por vermos tudo através de um "óculos de lentes rosa"*, que acabamos não percebendo que, na verdade, se trata de uma dicotomia entre forma e conteúdo que nós mesmos forjamos - não que eu queira dizer, com essa frase, que eu posso ver por fora dos "óculos de lente rosa", é só o que eu acho que vejo; sem pretensões.

As propriedades objetivas compõem a forma - o homem-biológico - e esta é o alicerce que estabelece o nosso padrão, e o desvio desse padrão - que, ironicamente, também é um fator padronizado - é composto pelas propriedades subjetivas, que caracterizam nosso conteúdo - o homem-sujeito**.

Forma e conteúdo, portanto, se encaixam, já que subjetivamente somos ímpares e objetivamente é como se fôssemos um - e, olha só, não é que um é ímpar?



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*Li um texto, sobre Nietzsche, na verdade, mas que falava de Kant e seu exemplo sobre como vemos a realidade. Ele dizia que é como se víssemos o mundo através de um óculos com a lente rosa. Conseguimos enxergar, mas nunca veremos a realidade plenamente, pois só conseguimos perceber uma parte das informações e acabamos tomando aquilo como o todo e o real.

**Perceba-se que o núcleo é o mesmo:
homem.


PS: esse título foi digno de um jurista metido - fala sério, hein Clarissa? hahaha.

2 comments:

clarissa said...

"contradições parecem ser intrísecas a vida humana."
já que me falta criatividade.
gostei do texto ju :)

Priscila said...

Porra, fantástico o texto, bixo. Mas vou te contar... que título foi esse?! oO